Resumo
Objetivo: A experiência de consumo é um fenômeno multidimensional que envolve aspectos sensoriais, cognitivos, afetivos, comportamentais e sociais. Já se sabe que, de um modo geral, uma experiência de consumo positiva pode impactar positivamente a satisfação do consumidor, sua lealdade e sua intenção em engajar-se em boca-a-boca positivo sobre a empresa. Porém, pouco ainda se sabe sobre os efeitos da experiência de consumo no ambiente digital, especialmente no que diz respeito aos bancos digitais, onde a interação ocorre de forma totalmente virtual.
Metodologia: Estudo exploratório com dez entrevistas em profundidade com consumidores brasileiros clientes dos bancos digitais Nubank e Inter.
Principais Resultados: Os clientes dos bancos digitais percebem a experiência com esse tipo de prestador de serviços como positiva e associam atributos como praticidade, segurança e baixo custo. A experiência influencia na satisfação e no boca-a-boca, no entanto, a lealdade parece não ser uma consequência dessa experiência. Aspectos como a facilidade na abertura de contas em outros bancos digitais que oferecem experiências similares pode ser uma das justificativas para esse comportamento.
Contribuições teóricas: Esses resultados são interessantes, especialmente em um momento em que pessoas estão optando por consumir serviços digitais. Mais do que apresentar uma plataforma intuitiva com soluções ágeis e convenientes aos olhos do consumidor, os bancos digitais precisam considerar formas de ampliar a retenção dos clientes nesse contexto. Se por um lado, claramente há uma experiência positiva, por outro isso não se traduz necessariamente em lealdade.
Relevância / originalidade: Os estudos com consumidores brasileiros de serviços bancários avaliam a interação com bancos tradicionais no contexto do internet banking e do mobile banking. Esse estudo, é um dos primeiros a analisar a percepção dos consumidores de bancos totalmente digitais.
Referências
Abbade, E. & Noro, G. (2012). Conhecimento, segurança, resistência e utilização de tecnologias de auto-atendimento bancário. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 5(3), 507-524.
Banco Central. (2019). Relatório de economia bancária 2018. Brasília, 1-200.
Banco Inter. (2022). Relatório Gerencial e Demonstrações Financeiras 2021. Disponível em: https://ri.bancointer.com.br/
Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Becker, L. (2018). Methodological proposals for the study of consumer experience. Qualitative Market Research: An International Journal. 21(4), 465-490.
Brakus, J. J., Schmitt, B. & Zarantonello, L. (2009). Brand experience: what is it? How do we measure it? And does it affect loyalty? Journal of Marketing. 73(3), 52-68.
Brun, I., Rajaobelina, L., Ricard, L. & Berthiaume, B. (2017). Imact of customer experience on loyalty: a multichannel examination. The service industries journal, 37(5), 317-340.
Cernev, A. (2017). O futuro do dinheiro eletrônico. GV - executivo, 16(2),43-45.
Cerqueira, A., Lopes, E. & Silva, J. (2019). No backstage do marketing da experiência: a ótica dos gestores na aplicação de estratégias de branding por meio de ações de patrocínio e desenvolvimento de projetos e eventos. Future Studies Research Journal, 11, 25-47.
Cordeiro. A., Oliveira, A. & Duarte, D. (2017) Fintech: desafios da tecnologia financeira. Coimbra: Almedina.
Federação Brasileira de Bancos (2018). Pesquisa FEBRABAN de tecnologia bancária 2018. 1-47.
Feliciano, A. & Frogeri, R. (2018) A dinâmica de uso dos aplicativos móveis bancários: uma análise sob a perspectiva da população idosa. Revista de Sistemas e Computação, 8 (2), 298-314.
Fernandes, T. & Pinto, T. (2019). Relationship quality determinants and outcomes in retail banking services: the role of customer experience. Journal of retailing and consumer services. 50, 30-41.
Gao, L., Polo, I. M. & Sese, F. J. (2020). Customer equity drivers, customer experience quality and customer profitability in banking services: the moderating role of social influence. Journal of Services Marketing, 23(3), 174-193.
Gilovich, T., Kumar, A. & Jampol, L. (2015). A wonderful life: experiential consumption and the pursuit of happiness. Journal of consumer psychology, 25(1), 152-165.
Gouveia, L. B., Perun, M. & Daradkeh, Y. I. (2020). Digital transformation and customer services: the banking revolution. International journal of open information technologies. 8(7), 124-128.
Gremler, D. D., Vaerenbergh, Y. V., Brüggen, E. C. & Gwinner, K. P. (2019).Understanding and managing cursomer relational benefits. JAMS, 48, 565-583.
Hennig-Thurau, T., Gwinner, K. P. & Gremler, D. D. (2002). Understanding relationship marketing outcomer: an integration of relational benefits and relationship quality. Journal of Service Research, 4(3), 230-247.
Huang, M., Ali, R. & Liao, J. (2017). The effect of user experience in online games on WOM: a pleasure-arousal-dominance (PAD) model perspective. Computers in Human Behavior. 75, 329-338.
Kemp, E. & Murray J. (2007). Managing experiential marketing: Insight from a prototypical experience. Association for Consumer Research, 34, 342-344.
Komulainen, H. & Saraniemi, S (2019). Customer centricity in mobile banking: a customer experience perspective. International Journal of Bank Marketing. 37(5), 1082-1102.
Larsson, A. & Viitaoja, Y. (2017). Building customer loyalty in digital banking. A study on bank staff’s perspectives on the challenges of digital CRM and loyalty. International journal of bank marketing. 35(5), 858-877.
Longaray, A. A., Castelli, T. M., Maia, C. & Tondolo, V. (2021). Um estudo a respeito da avaliação da satisfação dos usuários de internet banking e mobile banking no Brasil. Remark. 20(1), 27-51.
Mainardes, E. W., Rosa, C. A. M. & Nossa, S. N. (2019).Omnichannel strategy and customer loyalty in banking. International journal of bank marketing.38(4), 799-822.
Matos, C. A. et al. (2011) A Cross-Cultural Investigation of Customer Reactions to Service Failure and Recovery. Journal of International Consumer Marketing, 23, 211-228.
Matos, C., Henrique, J. & Rosa, F. (2013). Customer reactions to service failure and recovery in the banking industry: The influence of switching costs. Journal of Services Marketing, 27(7), 526-538.
Matos, C. A. & Rohden, S. F. (2015). Comportamento de reclamação de serviços bancários e de telefonia móvel. Revista Interdisciplinar de Marketing. 6(1), 11-25.
Mbama, C. I. & Ezepue, P. O. (2018). Digital banking, customer experience and bank financial performance: UK customers’ perceptions. International journal of bank marketing. 36(2), 230-255.
Moliner, Miguel et al. Consequences of customer engagement and customer selfbrand connection. Journal of Services Marketing. 32(4), 387-399.
NuBank. (2022). Nu Holdings Ltd. divulga resultados financeiros do quarto trimestre e do ano completo de 2021. Disponível em: https://blog.nubank.com.br/resultados-financeiros-2021/
Orsingher, C., Valenti, S., & Angelis M. D. (2010). A meta-analysis of satisfaction with complaint handling in services. Journal of the Academy of Marketing Science, 38, 169-186.
Parise S., Guinan, P. & Kakfa, R (2016). Solving the crisis of immediacy: How digital technology can transform the customer experience. Business Horizons, Bloomington, 59 (4), 411-420.
Rajaobelina, L., Lacroix, C. & St-Onge, A. (2019). Does experiential advertising impact credibility? International journal of bank marketing, 37(1), 1710191.
Rios, E., Matos, I. & Lima, P. (2018) Relato de experiência projeto de extensão: UX E UI Design. Revista de Sistemas e Computação, 8 (2), 467-477.
Roggeveen, A. L. & Sethuraman, R. (2020). How the Covid-19 pandemic may change the world of retailing. Journal of Retailing. 96(2), 169-171.
Rosenbaum, M. S., Friman, M., Ramirez, G. C. & Otterbring, T. (2020). Therapeutic servicescapes: restorative and relational resources in service settings. Journal of Retailing and Consumer Services. 55, 1-9.
Roy, S. K., Singh, G., Hope, M., Nguyen, B. & Harrigan, P. (2019). The rise of smart consumers: role of smart servicescape and smart consumer experience co-creation. Journal of Marketing Management, 35(15), 1480-1513.
Schmitt, B., Brakus, J. J.& Zarantonello, L. (2015). From experential psychology to consumer experience. Journal of cosumer psychology, 25(1), 166-171.
Shahid, S., Islam, J., Malik, S. & Hasan, U. (2022). Examining consumer experience in using m-banking apps: A study of its antecedents and outcomes, Journal of Retailing and Consumer Services, 65.
Soetan, T.O., Mogaji, E. and Nguyen, N.P. (2021). Financial services experience and consumption in Nigeria, Journal of Services Marketing, 35(7), 947-961
Wongsansukcharoen, J. (2022). Effect of community relationship management, relationship marketing orientation, customer engagement, and brand trust on brand loyalty: The case of a commercial bank in Thailand, Journal of Retailing and Consumer Services, 64.
Zeithaml, V. A.; Parasuraman, A. & Malhotra, A. (2002). Service Quality Delivery through Web Sites: A Critical Review of Extant Knowledge. Journal of the Academy of Marketing Science, 30 (4), 362-375.
Zhou, T., & Lu, Y. (2011). Examining mobile instant messaging user loyalty from the perspectives of network externalities and flow experience. Computers in Human Behavior, 27(2), 883–889.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2023 Simoni F Rohden, Jéssica Rode